Imagine um elefante adulto sendo colocado na sala de estar da sua casa ainda hoje, de tal forma que ele passe a ocupar a maior parte do cômodo. Creio que você concorda que isso será um grande problema, correto?
Mas, e se eu te lembrasse que ele já está fincado lá perto do sofá há alguns anos? Nesse caso, a sua percepção tem tudo para mudar drasticamente e não duvido que até possa dizer: “Ele é parte da nossa decoração”. Sim, você não mais o considera um entrave.
Quando querem se referir a um problema que todo mundo insiste ignorar, os norte-americanos costumam dizer que se trata de um “elefante na sala”. Pois bem: muitas paróquias brasileiras têm passado por grandes dificuldades em decorrência de falhas de liderança e pouca coisa tem sido feita para mudar essa realidade.
Só podemos almejar uma evangelização pujante e eficaz se as pessoas que estão à frente dos trabalhos pastorais ou que cuidam do dia a dia da comunidade têm preparo para cumprir seu papel. E para isso precisamos treiná-las constantemente.
Antes de designar Pedro como seu sucessor, o Mestre Jesus dedicou-se à formação daquele homem simples, impetuoso e de grande potencial a fim de prepará-lo para o grande desafio futuro de liderar a nossa Igreja. Os frutos que vieram depois não surgiram por acaso.
Vou além: você já parou para pensar o que haveria acontecido se os primeiros apóstolos não estivessem à altura da missão a eles confiada? Provavelmente, hoje nem conheceríamos os ensinamentos que Jesus nos deixou.
Igual raciocínio também é válido para o que fazemos nesse momento em nossas comunidades. Será possível vislumbrar um futuro promissor sem a formação de outras pessoas que possam dar continuidade àquilo de bom que iniciamos? Se, no curto prazo, a missão de qualquer líder de pessoas é conduzir a sua equipe para o alcance do objetivo comum; no longo prazo, é formar novos líderes que possam sucedê-lo.
Em muitas paróquias, repito, isso não ocorre porque as lideranças desconhecem o papel que lhes cabe. Acreditam que estão ali para dirigir uma reunião semanal ou enviar comunicados por WhatsApp. É por isso que, em retiros de formação, as pessoas geralmente me dizem: “Se, antes, eu estivesse consciente do tipo de protagonismo que posso e preciso exercer na Igreja, teria feito um trabalho muito melhor”.
Mas, o que fazer, então, na prática? Lembre-se de que os líderes da sua comunidade precisam aprender, especialmente, como identificar os principais talentos dos liderados, administrar conflitos, tratar as panelinhas que surgem com o tempo, conduzir reuniões, executar projetos que façam a comunidade progredir, delegar tarefas e preparar sucessores.
Nossos seminaristas, padres e religiosas são muito bem formados nas principais instituições de ensino do país e do exterior. Agora também precisamos nos dedicar à capacitação dos leigos que estão à frente de importantes trabalhos pastorais e que carecem do treinamento mínimo necessário.
E é claro, sem esquecer dos secretários e demais funcionários da paróquia. É bastante comum esses profissionais terem um importante papel na vida da comunidade, mas não receberem o treinamento mínimo necessário. Resultado: você telefona várias vezes na paróquia e ninguém atende a chamada, falta cordialidade no trato com os paroquianos, equipamentos de uso comum acabam extraviados e conflitos entre funcionários ocorrem a todo momento.
É hora de despertar e agir para expulsar o “elefante” que se instalou sorrateiramente na sala de estar. E o primeiro passo, sem dúvida alguma, é vocês investirem na formação das pessoas que conduzem a paróquia e zelam por ela.
2 Comentários. Deixe novo
Obrigado.Excelente artigo.
Ola! Obrigado.Eu realmente aprendi muito.